O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) indica que a Black Friday não impactou positivamente o pequeno e médio varejo este ano – setor mostrou retração de 18% em novembro deste ano frente ao observado no mesmo período do ano anterior. A Black Friday também não impactou a economia brasileira com relevância.
Segundo Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, “mesmo na margem, a sazonalidade do período sobre o segmento varejista foi limitado, considerando que a média da movimentação financeira de novembro de 2023 das PMEs do comércio se mostrou apenas 0,7% acima da média de outubro de 2023”.
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, divididas em 678 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços. Para elaborar a análise prévia sobre a Black Friday, foi comparada a movimentação financeira média diária dos últimos 12 meses de 69 segmentos do varejo, a partir dos dados do IODE-PMEs. Especificamente para novembro de 2023, foi considerada a média diária até a quarta semana do mês, em que há maior concentração de vendas relacionadas com o período promocional.
Figura 1: Evolução da média diária mensal da movimentação financeira real no comércio varejista
(Número índice – base: média 2022=100)
Dos 69 segmentos de PMEs do varejo monitorados, apenas 22 mostraram crescimento do faturamento no período. Entre eles, ‘livros’, ‘artigos de colchoaria’, ‘artigos do vestuário e acessórios’, ‘artigos esportivos’ e ‘plantas e flores naturais’.
“De toda forma, estas atividades formam um grupo de exceção frente aos resultados majoritariamente negativos vistos no setor como um todo no período recente”, afirma Beraldi.
Algumas atividades que tiveram desempenho negativo no período são consideravelmente afetadas por campanhas publicitárias e promoções relacionadas à data. É o caso de ‘eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo’, ‘equipamentos de telefonia e comunicação’ e ‘equipamentos para escritórios’, que mostraram quedas intensas na média diária no período (tanto na comparação anual, quanto em relação ao desempenho médio de outubro de 2023).
Outros segmentos do varejo relacionados à data também mostraram quedas no período, especificamente frente ao desempenho médio observado em 2022, como ‘equipamentos e suprimentos de informática’, ‘móveis’ e ‘calçados’.
O resultado confirma a tendência geral que se identifica no mercado de PMEs neste ano, de acordo com o economista. “O comércio varejista vem perdendo força, o que tem a ver com os efeitos de uma taxa de juros mais elevada sobre o consumo, assim como a retomada nos últimos anos da demanda das famílias por serviços. Neste contexto, é evidente que o nível de endividamento das famílias também pesa negativamente no ímpeto do consumo”, explica.
No acumulado do ano até outubro de 2023 (último dado mensal fechado do IODE-PMEs), enquanto o índice mostra crescimento de 6% do setor, muito influenciado pelo comportamento da Indústria e de Serviços, o Comércio apresenta retração de 4,7% na comparação com igual período do ano anterior”, completa o economista.
Adicionalmente, realizando o mesmo exercício com foco no setor de Serviços, os resultados também confirmam que a Black Friday deste ano também não produziu impactos significativos no segmento. “No geral, tendo como referência as primeiras quatro semanas de novembro de 2023, a média diária do faturamento das PMEs de Serviços avançou 9,1% frente à média diária de novembro de 2022 – tendência alinhada com os resultados do IODE-PMEs para o setor nos últimos 4 meses. Em média, entre julho e outubro de 2023, o segmento de Serviços mostrou avanço de 10,2% em bases anuais. A avaliação do desempenho do índice no período recente confirma essa percepção, já que a média diária do faturamento das PMEs de Serviços em novembro de 2023 permaneceu praticamente estável (+0,2%) frente ao desempenho médio de outubro/2023”, afirma Beraldi.