Copa do Mundo “fora de época” traz incertezas adicionais para os empreendedores brasileiros

Os desafios de tentar antecipar os eventuais impactos da Copa do Mundo nos negócios.
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Um desafio complexo para os empreendedores neste ano é tentar antecipar os eventuais impactos da Copa do Mundo nos negócios. Seria natural procurarmos respostas por meio de dados, analisando o comportamento setorial da economia durante a realização do Mundial de 2018, por exemplo. No entanto, existe um complicador nos estudos relacionados ao grande evento esportivo deste ano: o campeonato mudou de data!

Historicamente realizada entre junho e julho, a Copa do Mundo de 2022 começou no domingo, 20 de novembro, e seu encerramento será em 18 de dezembro. A mudança foi realizada pela FIFA em virtude das elevadas temperaturas do Oriente Médio no verão, o que poderia prejudicar atletas e torcedores.

Porém, será que cinco meses de postergação faz tanta diferença assim para estudos de impactos econômicos? A resposta é sim, e tem como fator fundamental a alteração da sazonalidade de importantes setores da economia brasileira entre estes períodos.

Nos meses de junho e julho (momento usual de realização das Copas) o ambiente econômico se caracteriza por um efeito sazonal negativo no comércio varejista e positivo no setor industrial. Já entre novembro e dezembro, observamos uma sazonalidade ruim na indústria e, especialmente, boa no varejo. É justamente nessa época do ano que ocorrem as compras relacionadas ao fim de ano, pois, além dos presentes de Natal, as pessoas também compram roupas e outros itens para a festa de Réveillon, por exemplo.

Ainda que seja difícil quantificar os efeitos, o impacto histórico do evento esportivo em segmentos da economia brasileira traz aspectos bastante relevantes para antever alguns movimentos na economia.

É importante pontuar que os principais efeitos nos negócios ocorrem nas datas de jogos do Brasil – quando as empresas liberam os funcionários no horário das partidas e as pessoas se organizam para assisti-los. Como as fases de grupos ocorrem em dias úteis, durante o horário comercial, o funcionamento da economia já será diretamente afetado em três datas. Além disso, ao menos dois jogos das fases finais acontecerão durante a semana (serão três jogos, caso o Brasil passe em primeiro do grupo e siga avançando até a final), o que eleva o potencial impacto do evento para até uma semana de dias úteis durante toda sua realização.

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Com isso, a produção industrial tende a ser negativamente impactada, com redução dos turnos em dias de jogos, e os setores de comércio e serviços também – sobretudo os que operam focados no B2B. O comportamento esperado desses segmentos tende a gerar efeitos macro negativos no desempenho econômico das pequenas e médias empresas brasileiras, uma vez que o IODE-PMEs (Índice Omie de Desempenho Econômicos das PMEs) aponta um papel importante dessas atividades no mercado.

Por outro lado, existem segmentos específicos, como negócios ligados ao varejo de eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo, em que o IODE-PMEs já indica um avanço no desempenho no período recente. Historicamente, a indústria de audiovisual já se planeja para um aumento das vendas nos meses que antecedem a Copa do Mundo e durante o evento.

Outras categorias, como a de ‘Alimentos e bebidas’, tendem a se intensificar, especialmente, nas datas próximas dos jogos do Brasil. Mesmo no setor de serviços, apesar das perspectivas negativas para os empreendimentos majoritariamente B2B, o setor alimentício deve encontrar espaço para avançar, com destaque para restaurantes e bares – que têm potencial de alavancar os faturamentos por meio do atendimento presencial e o delivery.

O IODE-PMEs mostra que as pequenas e médias empresas do segmento alimentício registram crescimento neste ano – muito em decorrência do maior controle da pandemia da covid-19 no País – e tende a ser intensificado no último bimestre do ano.

Para o comércio varejista, a Black Friday, realizada em novembro, e as vendas de fim de ano costumam promover efeitos bem mais significativos nas vendas do que a realização do mundial de futebol.

Assim, dois efeitos trazem incertezas aos empreendedores que enxergam no trimestre uma oportunidade de elevar seu faturamento. O País passa por um momento econômico delicado: a inflação acumulada elevada e a subida das taxas de juros prejudicam a evolução do consumo das famílias. Soma-se a esse efeito a própria realização da Copa do Mundo, que pode desviar a atenção dos consumidores das vendas de fim de ano e comprometer parte da renda disponível das famílias para consumo em segmentos menos relacionados historicamente ao período.

Além de afetar o funcionamento da cadeia produtiva e de grande parte dos segmentos de serviços B2B, a realização da Copa do Mundo em um trimestre sazonalmente forte para o varejo eleva as incertezas sobre o efeito do evento na economia brasileira em geral. Nesse contexto, os empreendedores precisam estar preparados com estratégias específicas para lidar com um final de ano atípico, tanto nos segmentos que podem unir os dois eventos (Copa e varejo sazonal) para alavancar o faturamento, quanto nos negócios que certamente terão seu funcionamento afetado atipicamente em alguns dias úteis do último bimestre de 2022.

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