- Desempenho foi puxado pelo avanço nos setores de Indústria (+1,8%) e Serviços (+1,4%)
- Comércio e Infraestrutura mostraram retração no período, sobretudo pelo desempenho mais fraco no 2T23
- Resiliência do mercado de trabalho e perda de fôlego da inflação são boas notícias para os empreendedores brasileiros
O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) indica que a movimentação financeira real média das pequenas e médias empresas brasileiras registrou expansão de 2,8% no primeiro semestre de 2023 na comparação anual.
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 660 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
Figura 1: IODE-PMEs
(Número índice – base: média 2021=100)
Nos últimos meses, o mercado de PMEs mostra continuidade da tendência de crescimento, ainda que com importantes diferenças de desempenho entre os grandes setores da economia. Apesar da manutenção das taxas de juros em níveis historicamente elevados, a resiliência observada no mercado de trabalho (com desemprego novamente abaixo do patamar de 8,5% e rendimento médio em níveis mais elevados frente ao ano anterior), a desaceleração da inflação e os efeitos dos estímulos fiscais (tais como o reajuste do salário mínimo e a antecipação do décimo terceiro para aposentados e pensionistas do INSS) são elementos importantes do contexto econômico que fornecem suporte ao mercado de PMEs – sobretudo para empresas em que os negócios são mais dependentes da renda do que do crédito.
Segundo Felipe Beraldi, economista e gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, o IODE-PMEs confirma um movimento mais amplo que tem sido observado na atividade econômica doméstica como um todo neste ano: manutenção do crescimento em meio a projeções prévias bem mais pessimistas. “Neste sentido, as perspectivas de mercado para o PIB brasileiro em 2023 têm subido sistematicamente no último mês, com a mediana de mercado (monitorada pelo Boletim Focus do BCB), apontando atualmente para uma expansão de 2,2% ante 2022”, afirma.
Nos recortes setoriais, o IODE-PMEs mostrou que o crescimento das PMEs na primeira metade de 2023 foi condicionado pelo avanço da movimentação financeira real na Indústria (+1,8% ante o primeiro semestre de 2022) e em Serviços (+1,4%).
As PMEs do setor industrial mostraram recuperação nos últimos meses, após retrações observadas entre o final de 2022 e o início deste ano. O resultado foi puxado por alguns segmentos da indústria de transformação, tais como ‘Fabricação de móveis’, ‘Fabricação de autopeças e implementos rodoviários’, ‘Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos’ e ‘Impressão e reprodução de gravações’. Além disso, apesar da menor contribuição de atividades relacionadas à indústria extrativa, observou-se no período bom desempenho da ‘Extração de minerais não metálicos’. “A recuperação das PMEs industriais é um grande destaque do IODE-PMEs do segundo trimestre, refletindo condicionantes positivos na ponta da demanda e uma menor pressão de custos”, diz o especialista.
O setor de Serviços, por sua vez, também manteve ritmo de expansão nos últimos meses, após avançar também no primeiro trimestre. “Como temos apontado desde o início do ano, a retomada da renda é fundamental para o desempenho de diversas atividades ligadas às PMEs do setor”, afirma Beraldi. Neste sentido, destacam-se segmentos como ‘Atividades de serviços pessoais’, ‘Alojamento’ e ‘Alimentação’. Adicionalmente, também se observa bom desempenho no último trimestre dos segmentos ‘Atividades profissionais, científicas e técnicas’ (que englobam, por exemplo, ‘Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria’), ‘Transporte, armazenagem e correio’ e ‘Atividades administrativas e serviços complementares’.
Em contrapartida ao crescimento das PMEs da Indústria e de Serviços, o IODE-PMEs mostra que, no primeiro semestre, houve recuo da movimentação financeira real média das PMEs do Comércio (-0,6% na comparação anual) e de Infraestrutura (-1,8%). O resultado foi muito influenciado pelo enfraquecimento destes setores no decorrer do segundo trimestre, especialmente.
No Comércio, a queda verificada na primeira metade do ano foi puxada pelo fraco desempenho do segmento varejista (-3,1% YoY) e do comércio relacionado à veículos (-3,0%). Por outro lado, o segmento atacadista ainda sustentou crescimento no período (+0,5% YoY), em função do desempenho visto no primeiro trimestre. Particularmente no varejo, o fraco resultado dos últimos meses foi puxado pela retração das PMEs de segmentos como ‘Livrarias’, ‘Madeira e artefatos’ e ‘Calçados’. No entanto, a evolução positiva do comércio varejista de ‘produtos alimentícios em geral’ restringiu queda ainda mais abrupta do setor nos últimos meses.
Já no setor de Infraestrutura, a retração no período foi condicionada, sobretudo, pelo enfraquecimento do segmento de ‘Água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação’. Especialmente no segundo trimestre, o enfraquecimento do segmento de ‘Obras de infraestrutura’ também afetou negativamente o desempenho do setor. Contudo, no segmento de Construção, ainda observa-se crescimento das atividades das PMEs de ‘Serviços especializados para construção’ – o que restringiu a queda do setor como um todo na primeira metade do ano.
Sobre o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs)
Compreendendo a relevância das PMEs no desempenho econômico do nosso país, a Omie desenvolveu o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), que acompanha as atividades econômicas das pequenas e médias empresas brasileiras. A pesquisa da scale-up Omie é um tipo de apuração inédita entre as empresas do segmento, atuando como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, além de oferecer uma análise segmentada setorialmente do mercado de PMEs no Brasil. Para elaborar os índices, a Omie analisa dados agregados e anonimizados de movimentações financeiras de contas a receber de mais de 120 mil clientes, cobrindo 660 CNAEs (de 1.332 subclasses existentes) – considerando filtros de representatividade estatística. Os dados são deflacionados com base nas aberturas do IGP-M (FGV), tendo como base o índice vigente no último mês de análise, com o objetivo de expurgar o efeito meramente inflacionário na série temporal, permitindo que se observe a evolução das movimentações financeiras em termos reais.