Movimentação financeira das PMEs registra queda de 1,2% em janeiro

O índice, que já havia recuado nesta base de comparação em dezembro do ano anterior (-4,4% ano após ano), destaca que duas quedas seguidas do indicador de mercado das PMEs no Brasil não são observadas desde o segundo semestre de 2021.
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Fevereiro de 2023 – O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) mostra que a média da movimentação financeira real das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras apresentou queda de 1,2% em janeiro de 2023 em relação a janeiro de 2022. O índice, que já havia recuado nesta base de comparação em dezembro do ano anterior (-4,4% ano após ano), destaca que duas quedas seguidas do indicador de mercado das PMEs no Brasil não são observadas desde o segundo semestre de 2021. Já na comparação direta com dezembro de 2022, o indicador recuou 13,2% no último mês – em função da sazonalidade negativa dos negócios no primeiro bimestre de cada ano.

O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 692 atividades econômicas que compõem cinco grandes setores: Agropecuário, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, explica que a queda do indicador nos últimos meses reflete os efeitos do cenário econômico mais adverso para os empreendedores brasileiros, com destaque para os efeitos da manutenção da taxa básica de juros em níveis historicamente elevados e os recuos observados na confiança de consumidores e empresários no período recente. “O índice de confiança do consumidor da FGV (ICC-FGV) recuou 2,2 pontos em janeiro, diante da piora das expectativas sobre a situação financeira das famílias nos próximos meses”, comenta o especialista.

Figura 1: IODE-PMEs
(Número índice – base: média 2019=100)

figura1 movimentacao financeira das pmes registra queda em janeiro 2023
Fonte: IODE-PMEs (Omie)

Segundo as análises setoriais do IODE-PMEs, o resultado negativo do mercado de PMEs em janeiro foi disseminado na maioria dos setores monitorados. No mês, a movimentação financeira real média recuou tanto no setor de Serviços (-1,0%) quanto no Comércio (-0,3%) – segmentos com o maior volume de empresas da economia brasileira.

“Especificamente em Serviços, a queda do IODE-PMEs em janeiro foi ocasionada pela retração em segmentos como ‘Agências de viagens’, ‘Seleção, agenciamento e locação de mão de obra’ e ‘Atividades de atenção à saúde humana’. Por outro lado, alguns segmentos de Serviços mostraram desempenho contrário à média, avançando no último mês – tais como: ‘Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados’ e ‘Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria’”, explica Beraldi.

O IODE-PMEs também mostra que houve queda da movimentação financeira real das PMEs da Indústria (-2,5%) e da Agropecuária (-26% – sobre uma base bastante inflada do primeiro trimestre de 2022). Na Indústria, a queda foi verificada, sobretudo, nos segmentos de ‘alimentos e bebidas’ e ‘Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados’.

Por fim, na contramão do resultado geral do mercado de PMEs, o IODE-PMEs indica avanço no setor de Infraestrutura, em que a movimentação financeira real cresceu 4,8%, na comparação anual em janeiro de 2022, com destaque para o segmento de ‘Prestação de serviços especializados para a construção’ – que acaba sendo beneficiado pelo ciclo positivo do mercado imobiliário dos últimos anos. Por outro lado, outras atividades da construção civil já refletem mais claramente o ambiente atual menos favorável a investimentos, como ‘Construção de edifícios’ e ‘Obras de urbanização’.

Em análise geral sobre os dados, Beraldi explica que o desempenho das PMEs brasileiras no início de 2023 é um fator preocupante, considerando a importância do segmento na atividade econômica geral do país e, particularmente, na geração de empregos. “Mesmo com tantos desafios presentes no ambiente de negócios, a recuperação da renda disponível das famílias recentemente – diante da melhora do mercado de trabalho, da manutenção das políticas de transferências de renda e da queda das pressões inflacionárias – é um motor de crescimento importante para as PMEs do país no curto prazo. De toda forma, o grau elevado de incertezas no ambiente econômico prejudica tanto os planos dos empreendedores, quanto o ímpeto do consumo das famílias”, diz o especialista.

PMEs do Varejo desaceleram, mas mantém desempenho positivo

O Comércio registrou, pelo segundo mês consecutivo, um recuo na atividade, segundo o IODE-PMEs. “Com o País passando por um ambiente de negócios repleto de incertezas, é natural que a atividade do setor desaqueça – como já apontado por outros indicadores econômicos”, reforça Beraldi. Ainda assim, esse movimento não foi identificado no segmento varejista em janeiro de 2023. As PMEs desse mercado viram a média de sua movimentação financeira real aumentar no período (+2,9% ante janeiro de 2022), contrapondo o resultado do setor como um todo. “É importante destacar que o desempenho dos últimos meses mostra importante desaquecimento do segmento, frente aos resultados observados até o terceiro trimestre de 2022”, afirma o economista.

Dentre as atividades em evidência do varejo de PMEs em janeiro, destacou-se o ‘varejo de artigos de papelaria’, reflexo das compras de material escolar para o começo do ano letivo.

 

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