Movimentação financeira das PMEs segue em crescimento mesmo com ambiente econômico desafiador

Na comparação direta com fevereiro de 2022, o índice mostra expressivo aumento de 15,2%, atestando a recuperação sazonal da atividade econômica brasileira no período, após o enfraquecimento usual no primeiro bimestre.
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  • IODE-PMEs mostra crescimento de 11,2% nas atividades das PMEs em março de 2022; movimentação do 1º trimestre apresentou avanço de 9,3%
  • Dentre os setores monitorados, Infraestrutura e Comércio registraram melhor desempenho no primeiro trimestre de 2022
  • Avanço da movimentação financeira no varejo é principal condicionante de crescimento do Comércio nos últimos meses

São Paulo, abril de 2022 – Em março de 2022, o Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) mostra que a média da movimentação financeira real das pequenas e médias empresas brasileiras (PMEs) apresentou crescimento de 11,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação direta com fevereiro de 2022, o índice mostra expressivo aumento de 15,2%, atestando a recuperação sazonal da atividade econômica brasileira no período, após o enfraquecimento usual no primeiro bimestre.

O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$ 50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 622 atividades econômicas que compõem cinco grandes setores: Agropecuário, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

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Figura 1: IODE-PMEs

Com a incorporação do resultado de março, o IODE-PMEs indica que a média da movimentação financeira real das PMEs no país avançou 9,3% no primeiro trimestre do ano, na comparação com o primeiro trimestre de 2021. O Brasil vem enfrentando diversos desafios no ambiente macroeconômico, atualmente, com a subida dos juros, encarecendo a tomada de crédito, e a inflação elevada, prejudicando a renda das famílias. Apesar do cenário desafiador, as pequenas e médias empresas (PMEs) mostraram importante tendência de recuperação no primeiro trimestre de 2022, refletindo certa normalização do ambiente de negócios com o maior controle da crise sanitária de covid-19 no país. Inclusive, é relevante mencionar que a atividade das PMEs foi muito afetada no início de 2021 por conta do estouro da segunda onda da pandemia no país.

Segundo as aberturas setoriais do IODE-PMEs, o crescimento do índice no primeiro trimestre foi condicionado, especialmente, pelo avanço da movimentação financeira real nos setores de Infraestrutura (+19,6% ante o 1T21) e Comércio (+15,0%). Também se observa crescimento – ainda que em menor magnitude – nos setores de Serviços (+10,4%) e Indústria (9,4%). A única exceção no período foi o segmento Agropecuário, que seguiu com movimentação financeira real abaixo dos níveis de 2021 nos primeiros três meses do ano (-5,3%).

Ainda que os resultados atuais comparados com 2021 sejam influenciados por uma base de comparação bastante afetada por choques externos (no caso, as medidas de controle que foram empregadas em várias cidades para conter a segunda onda de covid-19), o IODE-PMEs mostra que as PMEs seguem operando com nível médio de movimentação financeira real acima do verificado antes dos principais efeitos da pandemia na economia brasileira. Assim, comparando o resultado do IODE-PMEs do primeiro trimestre de 2022 com o mesmo período de 2020, o índice mostra uma expansão de 4,1%.

Do ponto de vista setorial, esse resultado reflete, principalmente, a retomada das atividades das PMEs nos setores de Comércio e Serviços. Ainda que os segmentos tenham sido os principais afetados pela restrição da mobilidade das pessoas no período mais crítico da crise sanitária, o avanço da vacinação no país e as medidas de socorro à economia implementadas pelo governo e pelo Banco Central do Brasil (BCB) entre 2020 e 2021 foram cruciais para a robusta retomada das atividades.

Tendência de crescimento das PMEs do varejo é destaque no Comércio

O setor de Comércio tem se destacado nos últimos meses diante do bom desempenho da movimentação financeira das PMEs, apontada pelo IODE-PMEs. Em linhas gerais, dentre os três grandes segmentos que compõem o setor (Atacado, Varejo e ‘Comércio e reparação de veículos e motocicletas’), observa-se que a tendência de crescimento tem sido puxada, principalmente, pelo avanço do comércio varejista.

No decorrer do primeiro trimestre de 2022, considerando a evolução da média móvel em 12 meses dos segmentos (que permite avaliar os setores com suavização dos movimentos meramente sazonais), observa-se crescimento médio de 1,6% ao mês das movimentações financeiras reais médias no varejo, enquanto no comércio atacadista a tendência de crescimento tem sido relativamente mais branda (+1,3% ao mês ante o nível de dez/21). Por outro lado, considerando a mesma base de comparação, o segmento de ‘Comércio e reparação de veículos e motocicletas’ mostrou retração no período (-2,1% ao mês ante o nível de dez/21).

Analisando o setor varejista mais a fundo com os dados do IODE-PMEs, é possível identificar que a movimentação financeira das PMEs tem crescido no início de 2022 em atividades como: ‘artigos farmacêuticos, cosméticos, perfumaria e higiene pessoal’, ‘tecidos, vestuário e calçados’ e ‘materiais de construção’.

Por outro lado, outras importantes atividades do varejo já mostram desaceleração, reflexo da intensa subida de preços na economia e da elevação do custo da tomada de crédito. Como exemplo, observa-se tendência de retração das seguintes atividades do varejo nos últimos meses: ‘lubrificantes’, ‘equipamentos e suprimentos de informática’ e ‘eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo’.

Do ponto de vista prospectivo, a expectativa é de que o varejo perca força no curto prazo. Os efeitos da manutenção da alta inflação no país têm sido diretamente sentidos na renda das famílias, que assistem a queda do seu poder de compra no período recente, especialmente com o expressivo aumento dos preços de bens de consumo básicos, como alimentos e combustíveis. Soma-se a isso a elevação acentuada da taxa básica de juros no país desde o ano anterior, que age no sentido de desestimular o consumo. Neste contexto, a confiança do consumidor medida pela FGV voltou a registrar queda em março/22, indicando que o consumo pode desacelerar nos próximos meses.

Conforme os efeitos mais agudos da pandemia na economia vão ficando para trás, cada vez mais ficarão evidentes na evolução da atividade das PMEs brasileiras os impactos negativos do ambiente macroeconômico atual bastante adverso sobre o consumo.

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