A Omie, plataforma de gestão na nuvem, atingiu o breakeven e está operando com caixa positivo há quatro meses consecutivos. No ano em que completa 10 anos de operação, a startup espera registrar um crescimento de 70% na receita recorrente. O anúncio foi feito com exclusividade para PEGN.
De acordo com Marcelo Lombardo, cofundador e CEO da Omie, esta é a terceira vez que a empresa atinge o ponto de equilíbrio. A primeira aconteceu entre as captações das rodadas seed e Série A, quando a Omie rodou por um ano e meio com o próprio fluxo de caixa. A outra foi durante a pandemia, quando a startup se preparou para perder 36% da receita recorrente e fez cortes para chegar ao breakeven. Ao ver que a empresa perdeu apenas 2,3%, o CEO retomou a queima de caixa para alavancar o crescimento.
“Muita gente prefere startups resilientes, outros dizem preferir as que queimam dinheiro para crescer. Na minha opinião, o bonito não é nem um, nem outro, mas você ter uma organização com fundamentos muito sólidos e, a partir deles, gravitar para qualquer um dos lados conforme a onda do mercado”, afirma.
O CEO conta que, após a captação de R$ 580 milhões em uma rodada Série C levantada em 2021, a ideia original era voltar a levantar dinheiro com investidores no segundo semestre de 2023, mas o encarecimento do capital e a decorrente resistência dos fundos em injetar capital para rodadas maiores fez com que a Omie traçasse um plano para alcançar o equilíbrio financeiro. A estratégia começou a ser desenhada em outubro de 2022 e foi colocada em prática em dezembro.
Inicialmente, a startup pretendia focar os esforços em três frentes para chegar ao objetivo: serviços financeiros, educação e atração de clientes maiores e mais estáveis. Mas, na prática, o cenário foi outro. “Foi um ano bem difícil para a parte de crédito, que é um dos pontos que tem as melhores margens de serviços financeiros. A torneira estava super fechada para pequenas empresas, então a quantidade de operações realizadas foi muitíssimo menor do que o esperado”, revela. Atualmente, 70% dos clientes da Omie estão enquadrados no regime do Simples Nacional, com faturamento de até R$ 4,8 milhões – o tíquete médio é de R$ 400 por mês.
A Omie resolveu dobrar a aposta nas frentes que já mostravam mais resultados: colaboração com contadores, franquias e parceria com o Itaú, além do aumento da performance da equipe de vendas digital, que triplicou ao longo do ano. Segundo o CEO, são mais de 150 unidades franqueadas pelo Brasil e 27 mil escritórios contábeis parceiros, com a entrada de cerca de 5 mil novos clientes por mês.
A empresa também pisou no freio com as aquisições. Após a injeção de capital da Série C, a Omie comprou Linker e G-Click em 2021 e Ergoncredit e ConPass em 2022. Lombardo declara que, em todos os casos, os M&As aconteceram para preencher gaps de produtos e não tiveram o crescimento de receita como objetivo. O CEO afirma que a empresa ainda tem mais de R$ 120 milhões do último aporte em caixa.