Outubro de 2022 – O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs), apresentou um crescimento de 1,1% em setembro de 2022, na comparação com o mesmo mês em 2021. Já na análise direta com agosto, o índice recuou 3,9%.
O período foi marcado pelo bom desempenho do setor industrial (+12,9% frente a setembro de 2021) e, em menor medida, do Comércio (+3,8%). Porém, no intervalo, o IODE-PMEs indica queda das movimentações financeiras reais nos setores Agropecuário (-14,8%), Serviços (-2,7%) e Infraestrutura (-2,0%).
O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 637 atividades econômicas que compõem cinco grandes setores: Agropecuário, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
Figura 1: IODE-PMEs
(Número índice – base: média 2019=100)
“O crescimento da movimentação financeira das PMEs do setor industrial nos últimos meses é sustentado pela retomada da demanda doméstica e pelo aumento da competitividade de alguns segmentos, em relação à similares importados. Tal movimento reflete a desvalorização do real frente ao dólar, quanto à complexidade trazida pela pandemia no abastecimento de algumas cadeias produtivas – fatores que abrem mercado para a operação de indústrias de pequeno e médio porte especialmente”, explica Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem.
Projeções para 2023 apontam crescimento do setor e fim de ano positivo
Segundo o IODE-PMEs, 2022 deve fechar com crescimento de 3,3% ante 2021 (revisada de +4,1%). Além do desaquecimento visto no mercado no decorrer do terceiro trimestre, o funcionamento de diversos segmentos deve ser afetado no final do ano pela ocorrência da Copa do Mundo de Futebol, pois nos dias de jogos da seleção brasileira, espera-se uma interferência no funcionamento das empresas no último bimestre do ano.
Figura 2: Perspectiva para o IODE-PMEs
(Número índice – base média 2019=100)
Os setores mais afetados devem ser as atividades de serviços voltados para Empresas (B2B – ‘Business to Business’) e Indústrias. Ambos os segmentos mostraram um bom desempenho no período recente, o que pode restringir o comportamento do IODE-PMEs como um todo no final do ano. No entanto, a Copa do Mundo também deve estimular mercados específicos do Varejo (eletrodomésticos e equipamentos de áudio e vídeo) e toda a cadeia de Comércio e Serviços de produtos alimentícios e bebidas.
Já para 2023, o índice aponta que as PMEs sigam em crescimento (projeção de +1,5%), mas em desaceleração frente ao esperado para 2022. Em linhas gerais, os empreendedores seguirão enfrentando um cenário econômico desafiador, com incertezas internas e externas.
Cada vez mais ficarão evidentes no desempenho da atividade econômica os efeitos da subida de juros promovida pelo Banco Central ao longo deste ano. “Altas taxas de juros encarecem a tomada de crédito, prejudicando a evolução do consumo, além dos investimentos na economia real. O empreendedor também vive com as incertezas da política econômica, assim como olhar com atenção para a delicada situação fiscal do país. Esses serão fatores fundamentais para a melhora dos negócios no Brasil”, reforça Beraldi.
O ambiente internacional também deve se configurar como um empecilho na expansão da economia brasileira. Com o conflito armamentista entre a Rússia e a Ucrânia, os países desenvolvidos seguem procurando combater a elevada inflação e várias cadeias produtivas e ainda sentem impactos das restrições para controle da covid-19.
Ainda há espaço para que as PMEs brasileiras sigam em crescimento no próximo ano. A pequena queda na inflação no País e o ritmo de recuperação do mercado de trabalho (via retomada da ocupação e evolução dos rendimentos reais) são fatores fundamentais para sustentar o crescimento do consumo das famílias.
“Vale ressaltar que a redução da inflação deverá abrir espaço para reversão da trajetória das taxas de juros no segundo semestre de 2023 e, consequentemente, favorecer o acesso ao crédito. Com isso, os micros e pequenos empreendedores tendem a manter o crescimento dos negócios, ainda que inseridos em um contexto macroeconômico bastante complexo e repleto de incertezas”, finaliza Beraldi.