PMEs têm avanço de 2,5% no primeiro trimestre do ano

O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 660 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.
Navegação Rápida
Navegação Rápida
  • Segundo IODE-PMEs, setores que mais se destacaram foram Comércio (+1,8% ante o primeiro trimestre de 2022), Serviços (+1,4%) e Infraestrutura (+2,3%)
  • Indústria foi o único segmento em que as PMEs mostraram modesta queda (-0,5%) no primeiro trimestre
  • Perspectivas de 2023 apontam para crescimento de 2,0% do índice ante 2022, após retomada da confiança nos consumidores e perda de fôlego da inflação

Abril de 2023 – O Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) indica que a movimentação financeira real média das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras registrou expansão de 2,5% no primeiro trimestre de 2023, na comparação anual, após +0,6% no quarto trimestre de 2022. O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 660 atividades econômicas que compõem quatro grandes setores: Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

No período recente, o mercado de PMEs mostra certa volatilidade diante do cenário macroeconômico desafiador – destaque para a manutenção das taxas de juros em níveis historicamente elevados. Apesar de tal contexto, há importantes condicionantes do mercado de PMEs que contribuem para o avanço dos negócios, com destaque para a recuperação do rendimento médio real dos trabalhadores no país. Com a melhora do mercado de trabalho em 2022 e considerando a perda de ímpeto da inflação no país, o rendimento médio real dos trabalhadores brasileiros – medido pela PNAD contínua do IBGE – iniciou 2023 alinhado aos patamares pré-pandemia (tendo como referência o ano de 2019), o que configura um cenário mais benéfico para as atividades econômicas das PMEs expostas à renda para garantir crescimento.

Segundo Felipe Beraldi, gerente de Indicadores e Estudos Econômicos da Omie, plataforma de gestão (ERP) na nuvem, após fracos resultados no primeiro bimestre de 2023, a confiança dos consumidores voltou a avançar no último mês, o que também tende a afetar positivamente o consumo. “O índice de confiança do consumidor da FGV (ICC-FGV) avançou em março (+2,5 pontos), diante da melhora da percepção da situação atual e de expectativas mais positivas dos consumidores para os próximos meses”, explica.

Do ponto de vista setorial, o crescimento do IODE-PMEs no primeiro trimestre de 2023 foi condicionado pelo avanço da movimentação financeira real no Comércio (+1,8% ante o primeiro trimestre de 2022), em Serviços (+1,4%) e na Infraestrutura (+2,3%).

No Comércio, o crescimento foi condicionado pelo avanço das PMEs do setor atacadista (+3,2% ante o primeiro trimestre de 2022), enquanto o varejo permaneceu estável. Por outro lado, o segmento de ‘Comércio e Reparação de veículos’ encerrou o trimestre em retração (-5,3%). Já no setor de Infraestrutura, o crescimento das PMEs refletiu o avanço da movimentação financeira nos segmentos de ‘Comércio e Geração de energia elétrica’, ‘Construção de rodovias e ferrovias’ e ‘Serviços especializados para a construção’. “Nesta última, atribuímos o crescimento observado desde o ano anterior à retomada do setor de construção civil como um todo observada nos últimos anos, que abre espaço para diversos serviços especializados auxiliares de PMEs, como reformas e obras de acabamento”, ressalta Beraldi.

O setor de Serviços também avançou no primeiro trimestre de 2023, após resultados mais modestos no decorrer do quarto trimestre de 2022 (-0,3% YoY). “A retomada da renda é fundamental para o desempenho de diversas atividades ligadas ao setor. Entre os principais segmentos, os destaques nos últimos meses foram ‘Atividades de serviços financeiros’, ‘Atividades de serviços pessoais’, ‘Atividades artísticas, criativas e de espetáculos’ e ‘Atividades jurídicas, de contabilidade e de auditoria’”, explica. O IODE-PMEs também segue mostrando desempenho positivo do segmento de serviços de ‘Alojamento e Alimentação’.

O único setor que apresentou retração no primeiro trimestre do ano foi a Indústria (-0,5% ante o 1T2022). O resultado reflete a queda observada em alguns segmentos da indústria de transformação, como ‘Fabricação de produtos de madeira’, ‘Fabricação de bebidas’ e ‘Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados’. Além disso, também foi registrada queda na indústria extrativa, especificamente no segmento ‘Atividades de apoio à extração de minerais’. Por outro lado, a queda do setor como um todo foi restringida pelo avanço de outros segmentos no período, com destaque para ‘Fabricação de móveis’, ‘Fabricação de máquinas e equipamentos’ e ‘Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos’.

Por fim, o IODE-PMEs também permite a avaliação do mercado de PMEs de modo regionalizado. Assim, é possível observar que o crescimento no mercado no primeiro trimestre de 2023 foi sustentado pelo avanço dos negócios nas regiões Sudeste (+7,3% ante o primeiro trimestre de 2022), Centro-Oeste (+3,3%), Sul (+2,4%) e Norte (+11,8%). Por outro lado, houve retração da movimentação financeira real média das PMEs na região Nordeste (-6,8%).

Desafios permanecem no radar, mas há espaço para crescimento dos negócios das PMEs em 2023

Apesar da desaceleração da economia brasileira frente ao crescimento no último biênio (2021-22), o IODE-PMEs surpreendeu as as expectativas no primeiro trimestre do ano, mesmo que ainda não esteja totalmente disseminado entre os grandes setores de PMEs, com maiores preocupações relacionadas ao setor industrial e ao varejo – em que há atividades que apresentam maior dependência das condições de crédito.

“Diante do resultado acima do esperado nos últimos meses, revisamos nossas perspectivas para o IODE-PMEs em 2023, passando de +1,5% para +2,0% ante 2022. Ainda que os desafios macroeconômicos permaneçam no radar – especialmente relacionados aos efeitos dos juros em níveis elevados e ao aumento do nível de endividamento das famílias-, a recuperação da renda deve abrir espaço para crescimento dos negócios em diversas atividades do setor de PMEs”, aponta Beraldi.

Além disso, a desaceleração recente da inflação no país também é uma boa notícia para os empreendedores, tanto na ponta dos custos de produção de bens ou fornecimento de serviços, quanto na ponta da demanda – já que a inflação elevada diminui o poder de compra dos consumidores.

Neste sentido, o anúncio das diretrizes do novo arcabouço fiscal pela equipe econômica do governo também é uma notícia positiva aos empreendedores, sobretudo ao elevar o poder de previsibilidade no mercado, controlando em certa medida o potencial de novas pressões inflacionárias no país por conta das incertezas relacionadas ao tema. Como contexto, Beraldi explica que: “a combinação do endereçamento das questões fiscais e a perda efetiva de fôlego da inflação nos últimos meses deve reforçar o espaço para que o Banco Central realize uma inversão da política monetária a partir do segundo semestre do ano, isto é, passe a reduzir a taxa básica de juros. O efeito da queda das taxas de juros tende a aparecer de modo mais expressivo no médio prazo para as PMEs (a partir de 2024), favorecendo a elevação do consumo e dos investimentos no país”.

Em linhas gerais, as incertezas seguem no radar no ambiente de negócios doméstico e global. Assim, é fundamental que os empreendedores acompanhem os potenciais efeitos da desaceleração do PIB brasileiro sobre a renda das famílias e a evolução de curto prazo dos índices inflacionários. Do ponto de vista da agenda econômica no campo político, os próximos desafios estão relacionados com a tramitação das regras fiscais no Congresso, com a capacidade do governo em seguir as regras estabelecidas e conter a expansão da dívida pública e com o avanço de outras reformas – como a tributária, que pode ter grande potencial para acelerar o crescimento econômico do país nos próximos anos.

Compartilhe este post
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Banner lateral teste grátis
Conteúdos relacionados
Segunda edição da Sondagem Omie das Pequenas Empresas destaca otimismo, com expectativa de evolução positiva do faturamento e das contratações