Reforma Tributária e Simples Nacional: o que realmente muda?

Entenda como a Reforma Tributária trará mudanças significativas para as empresas do Simples Nacional, com novas formas de tributação para CBS e IBS.
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Se você atende empresas optantes pelo Simples Nacional, já sabe: quando a regra muda no sistema tributário, sobra para o contador reorganizar tudo — rotinas, cálculo de tributos, entendimento do cliente. 

A Reforma Tributária não vai acabar com o Simples, mas vai alterar profundamente como ele se relaciona com os novos impostos CBS e IBS.

E é aí que mora o desafio e também a oportunidade. Entender o novo modelo de apuração, antecipar os impactos para os seus clientes e usar ferramentas que automatizam esse processo pode te colocar à frente. 

Mais do que acompanhar, o contador que se antecipa se posiciona como peça-chave em um cenário cada vez mais exigente.

Neste conteúdo, vamos detalhar o que realmente muda, como essas mudanças afetam a rotina fiscal das empresas optantes pelo Simples e como você pode (e deve) assumir o protagonismo nesse cenário.

Simples Nacional continua existindo, mas muda na prática

É importante deixar claro: o regime do Simples Nacional está mantido. O tratamento diferenciado para micro e pequenas empresas segue garantido pela Constituição. 

No entanto, a forma como essas empresas se conectam aos novos tributos da Reforma Tributária muda consideravelmente.

Com a criação da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), haverá a substituição de tributos federais (PIS, Cofins, IPI), estaduais (ICMS) e municipais (ISS) por um sistema de apuração mais unificado. 

A proposta do governo é que o ICMS e o ISS sejam gradualmente retirados do DAS entre 2026 e 2032, passando a ser recolhidos por fora, com base na atividade da empresa e nas operações realizadas.

Ou seja, mesmo permanecendo no Simples, a apuração de tributos será mais complexa — e, para alguns perfis de empresa, a escolha entre apurar “por dentro” ou “por fora” do DAS poderá fazer toda a diferença na competitividade.

O que muda na prática para empresas do Simples Nacional?

As empresas do Simples Nacional continuarão utilizando o Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). Porém, haverá dois modelos possíveis de apuração da CBS e do IBS:

1. CBS e IBS apurados “por dentro” do DAS

De acordo com o modelo proposto, neste formato temos, resumidamente que:

  • Todos os tributos continuam sendo recolhidos de forma unificada;
  • A empresa não pode se creditar sobre os tributos pagos nas compras;
  • Porém, seus clientes (fora do Simples) podem se creditar do imposto correspondente às compras realizadas.

Esse modelo pode ser interessante para empresas que vendem para outras empresas e têm baixo volume de compras, pois não perdem tanto ao abrir mão dos créditos. É também o formato mais simples do ponto de vista operacional.

2. CBS e IBS apurados “por fora” do DAS

Já neste modelo, temos que:

  • A empresa recolhe parte dos tributos de maneira separada, fora do DAS;
  • Ganha o direito de se creditar dos tributos pagos na aquisição de bens e serviços (o que pode reduzir a carga tributária final);
  • A operação se torna mais complexa, exigindo controle detalhado das movimentações, bom sistema de gestão e apoio contábil especializado.

Esse modelo tende a ser mais vantajoso para empresas com cadeia produtiva longa, volume alto de insumos e que vendem para outras empresas. Mas é preciso avaliar caso a caso.

Crédito tributário: o que é quando vale a pena?

Uma das grandes novidades da Reforma é a aplicação plena do modelo de crédito tributário, ou seja, a possibilidade de descontar o valor do imposto pago nas compras do valor devido nas vendas.

Isso tende a estimular um sistema mais justo e com menos cumulatividade, mas nem todo mundo sairá ganhando de imediato.

Para empresas do Simples, a regra geral é:

  • Não geram crédito sobre suas compras;
  • Podem conceder crédito para seus clientes, proporcional à alíquota aplicada no DAS.

Ou seja: mesmo no modelo “por dentro”, o cliente que compra da empresa do Simples pode aproveitar parte do crédito da CBS/IBS incidente na operação. 

Isso ajuda a manter a competitividade da empresa optante, desde que a alíquota seja vantajosa e o cliente veja benefício na relação comercial.

No modelo “por fora”, a lógica se inverte: a empresa do Simples passa a ser tratada, em parte, como as demais — ganha o direito ao crédito, mas assume maior responsabilidade no cálculo e recolhimento dos tributos.

Reforma Tributária no Simples Nacional: o que muda e o que permanece igual

O que mudaO que permanece igual
Introdução de novos tributos: CBS (federal) e IBS (estadual/municipal)Manutenção do regime do Simples Nacional como sistema simplificado e diferenciado
Possibilidade de recolher CBS e IBS “por fora” do DAS
Recolhimento unificado via DAS continua disponível
Empresas podem gerar crédito tributário ao recolher por foraEmpreendedores ainda terão tratamento favorecido garantido por lei
Maior complexidade para empresas que optarem pelo modelo “por fora”Simplicidade operacional permanece para quem continuar “por dentro”
Criação de modelos mistos de apuração e simulações por tipo de clienteLimite de faturamento anual das faixas do Simples não foi alterado
Transição gradual: ICMS e ISS saem do DAS até 2032MEIs continuam com regime específico dentro do Simples

Maior necessidade de planejamento tributário e controle fiscal
Contadores seguem como peça-chave na gestão das obrigações
Uso de tecnologia será essencial para controle de créditos e obrigações
Empresas ainda poderão optar ou sair do Simples conforme regras já existentes

Importante: A adoção dos dois modelos ainda depende de regulamentações específicas. A proposta atual prevê essa flexibilidade, mas os critérios para adesão e obrigatoriedade serão definidos nas próximas etapas legislativas.

Transição gradual: o que esperar até 2032

Calma! A reforma ainda segue em discussão e sua implementação será gradual. Ou seja, não é necessário tomar decisões apressadas — mas é essencial entender o cronograma para se planejar com segurança.

O novo sistema tributário foi estruturado com um período de transição longo, pensado justamente para que empresas, contadores e órgãos públicos possam se adaptar com consistência.

De acordo com o Ministério da Fazenda:

  • Em 2026, inicia-se a cobrança da CBS (federal);
  • Entre 2026 e 2028, o IBS entra em fase de testes (estadual/municipal);
  • Entre 2029 e 2032, os tributos antigos (ICMS e ISS) serão reduzidos gradualmente;
  • A partir de 2033, a arrecadação será exclusivamente via CBS e IBS.

Durante esse período, a forma de recolhimento pelo Simples Nacional também será ajustada. 

Isso exige atenção redobrada dos contadores, que precisarão acompanhar cada etapa da regulamentação, especialmente aquelas que tratam da integração da CBS e do IBS ao regime simplificado.

Como você deve orientar seus clientes nesse cenário

O seu principal papel neste cenário de transição será o elo entre a complexidade da reforma e a tomada de decisão segura no dia a dia do cliente, mostrando, com clareza e estratégia, que é possível se antecipar e transformar essas mudanças em vantagem competitiva.

Você pode (e deve) ajudar seus clientes a:

  • Entender as diferenças entre apuração “por dentro” e “por fora” do DAS, de forma didática e aplicada ao modelo de negócio dele;
  • Simular os impactos reais no caixa, no preço final e na margem de lucro;
  • Avaliar com calma se faz sentido manter o modelo atual ou se é hora de se preparar para uma nova forma de tributação;
  • Reorganizar rotinas fiscais, implementando soluções mais automatizadas e sustentáveis.

Também vale lembrar em toda conversa com o cliente:

  • A reforma está em construção e será implementada aos poucos;
  • O Simples Nacional continua existindo — mas ele vai se adaptar;
  • A escolha pelo modelo ideal não é uma corrida, e sim uma decisão estratégica baseada em dados, volume de compras, tipo de cliente e estrutura de operação.

Seu olhar técnico é o que vai traduzir a nova legislação em caminhos viáveis, com menos estresse e mais resultados.

Como a Omie ajuda contadores e empresas a se prepararem

A Omie oferece um ecossistema completo para contadores para facilitar a adaptação ao novo sistema tributário. 

Com ferramentas como o Painel do Contador, você tem visão em tempo real da rotina fiscal de seus clientes; com o OneFlow, você automatiza tarefas contábeis; e com o GClick, você centraliza as rotinas do escritório.

Outros diferenciais importantes para esse momento de transição:

Conclusão: o Simples Nacional não acabou, mas ficou mais complexo

A Reforma Tributária promete avançar rumo à simplificação do sistema, mas no caso das MPEs e dos contadores, o desafio é tornar a transição compreensível e funcional.

Mais do que nunca, você precisará se posicionar como parceiro estratégico, orientando seus clientes com clareza, conhecimento e ferramentas certas. E é isso que a gente oferece: suporte para que você continue sendo essencial para o crescimento dos negócios em que atua.
Quer saber mais? Conheça nossa parceria para contadores e se torne um protagonista da nova era tributária brasileira.

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