- Em janeiro de 2022, segmento registrou crescimento de 4,7% na comparação com o mesmo período de 2021; em 2021, avanço foi de 13,5%
- Segmentos de ‘Educação’, ‘Logística’, ‘Atividades Financeiras’ e ‘Informação e Comunicação’ apresentam recuperação
- Algumas atividades ainda se encontram fragilizadas após as ondas mais agudas da covid-19 no país, como ‘Atividades artísticas, criativas e de espetáculos’, ‘Telecomunicações’ e ‘Alimentação’
São Paulo, fevereiro de 2022 – Em 2021, o Índice Omie de Desempenho Econômico de PMEs (IODE-PMEs) mostrou que a média da movimentação financeira real das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras no setor de Serviços registrou avanço de 13,5% na comparação com 2020. O segmento – um dos mais afetados globalmente pela pandemia de covid-19 – teve como pano de fundo para sua recuperação no ano anterior a evolução da vacinação contra a covid-19 no país, que permitiu o avanço da mobilidade das pessoas e, consequentemente, o início da retomada da demanda das famílias por serviços em detrimento de bens.
Especificamente em janeiro de 2022, o ‘IODE-PMEs Serviços’ seguiu em crescimento (+4,7%) na comparação com o mesmo período de 2021, indicando que o processo de retomada da atividade do setor segue em curso, a despeito das fragilidades conjunturais da economia brasileira (especialmente a alta inflação e o mercado de trabalho deteriorado) e do agravamento dos casos de covid-19.
Apesar da retomada que se observa no setor como um todo, ao analisarmos importantes subsetores é possível perceber que o desempenho nos últimos meses guarda nuances bastante interessantes. A figura a seguir mostra que, do ponto de vista das seções de atividades do setor de Serviços, há segmentos que já voltaram a operar em níveis superiores ao período pré-pandemia (tendo como base a comparação do trimestre móvel Nov/21-Jan/22 x Nov/19-Jan/20) – Educação, Logística, Atividades Financeiras e Informação e Comunicação -, mas também há segmentos que seguem com nível de atividade bastante deprimido.
Por um lado, a crise econômica decorrente da pandemia trouxe oportunidade de crescimento para alguns prestadores de serviços, que registraram recuperação mais rápida no ano anterior e já voltaram a performar em níveis superiores ao pré-pandemia. Dentre os principais segmentos que se enquadram nesse contexto, com base nas divisões de atividades monitoradas pelo IODE-PMEs, podemos citar: i) ‘Pesquisa e desenvolvimento científico’ (+62,5% YoY no acumulado dos últimos 12 meses até jan/22); ii) ‘Correio e outras atividades de entrega’ (+10,6%); iii) ‘Educação’ (+26,7%); iv) ‘Armazenamento e atividades auxiliares dos transportes’ (+34,6%) e; v) ‘Atividades dos serviços de tecnologia da informação’ (+14,8%).
No entanto, algumas atividades ainda enfrentaram contexto adverso para engrenar uma retomada no ano anterior e seguem com performance bem abaixo do verificado no período pré-pandemia. Segundo o IODE-PMES, se enquadram neste cenário: i) ‘Atividades artísticas, criativas e de espetáculos’ (-2,7% YoY no acumulado dos últimos 12 meses até jan/22); ii) ‘Telecomunicações’ (-27,8%) e; iii) ‘Alimentação’ (+0,1%). Adicionalmente, atividades como ‘Alojamento’ (+14,7) e ‘Atividades esportivas e de recreação e lazer’ (+6,3%), apesar de terem mostrado crescimento na movimentação financeira real em 2021, seguem operando em nível muito abaixo do verificado antes do choque inicial da pandemia em 2020.
O estudo minucioso destes setores permite identificar que o período pandêmico, ao restringir a demanda das empresas e famílias por alguns serviços, trouxe efeitos conjunturais bastante adversos para atividades bastante consolidadas na economia brasileira – especialmente no universo de pequenas e médias empresas. Tomando os serviços alimentícios como exemplo para ilustrar este ponto, observamos em 2021 um forte crescimento da atividade de ‘Fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para consumo domiciliar’ (+139% em 2021 x 2020), porém mais do que compensada pela retração de outros grandes segmentos, tais como ‘Fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para empresas’ (-31,5%), ‘Serviços de alimentação para eventos e recepções – bufê’ (-5,5%) e ‘Restaurantes e similares’ (-2,2%).
Para o curto prazo, de maneira geral, espera-se que a recuperação do setor de Serviços siga em curso, com ênfase na retomada das atividades dos segmentos mais afetados pela pandemia. Nesse sentido, indicadores recentes sobre a pandemia no país sinalizam um quadro relativamente mais benéfico para os próximos meses, sobretudo com a inversão da trajetória de casos e internações nas últimas semanas. De toda forma, há outros fatores no ambiente econômico que podem restringir o ritmo de retomada do setor de Serviços, em especial a inflação pressionada e os efeitos das taxas de juros mais elevadas sobre o consumo das empresas e das famílias. Neste contexto, o acompanhamento do IODE-PMEs nos próximos meses indicará os segmentos mais afetados por essa conjuntura negativa para a evolução do consumo.