Faturamento de pequenas e médias empresas perde fôlego nos últimos meses

Na análise de julho de 2022, o índice mostra que o faturamento das PMEs no país apresentou tímida expansão de 0,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já na comparação direta com junho de 2022, houve um crescimento de 1,1%.
Navegação Rápida
Navegação Rápida

Agosto de 2022 – Após crescimento acumulado de 3,5% no primeiro semestre do ano, os dados do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs) sinalizam desaquecimento da movimentação financeira real das pequenas e médias empresas (PMEs) brasileiras no início do segundo semestre. Na análise de julho de 2022, o índice mostra que o faturamento das PMEs no país apresentou tímida expansão de 0,7% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Já na comparação direta com junho de 2022, houve um crescimento de 1,1%.

Figura 1: IODE-PMEs
(Número índice – base: média 2019=100)

grafico pmes perdem folego
Fonte: IODE-PMEs (Omie)

O IODE-PMEs funciona como um termômetro econômico das empresas com faturamento de até R$50 milhões anuais, consistindo no monitoramento de 637 atividades econômicas que compõem cinco grandes setores: Agropecuário, Comércio, Indústria, Infraestrutura e Serviços.

Segundo o gerente de indicadores e estudos econômicos da Omie, Felipe Beraldi, como verificado desde o resultado do índice em junho/22 (quando houve avanço de 1,6% na comparação anual), o desempenho recente do IODE-PMEs configura uma desaceleração do mercado de PMEs em relação ao observado nos primeiros cinco meses de 2022. “O ambiente de negócios marcado por inflação pressionada e juros em alta prejudica a evolução do consumo e dos investimentos, o que se reflete diretamente na evolução das pequenas e médias empresas brasileiras”, avalia.

Segundo as aberturas setoriais do IODE-PMEs, a desaceleração recente no mercado vem sendo condicionada, especialmente, pela retração verificada no setor de Serviços – segmento que concentra a maior parcela de CNPJs ativos no país, segundo informações do Sebrae. De acordo com os dados do índice, em julho/22, houve retração de 4,5% da movimentação financeira real no setor de Serviços na comparação com igual período do ano anterior, configurando o segundo mês de queda nessa base de comparação. Dentre os onze subsegmentos que compõem o setor, seis mostram queda no último mês, com destaque negativo para ‘Atividades imobiliárias’ e ‘Atividades profissionais, científicas e técnicas’.

Além da retração verificada no setor de Serviços, também se observa resultados mais fracos recentemente no setor de Infraestrutura, em que a movimentação financeira real em julho apresentou modesta retração de 0,3% na comparação anual.

Por outro lado, os setores Indústria e Agropecuário seguiram mostrando bom desempenho no período recente, com avanços de 6,4% e 19%, respectivamente, frente aos resultados de julho de 2021. “Em particular na Indústria, a análise do desempenho da movimentação financeira das PMEs em julho indica bom desempenho, sobretudo, nos negócios ligados às seguintes atividades: ‘Preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos para viagem e calçados’ e ‘Fabricação de produtos de minerais não metálicos”, comenta Beraldi.

Por fim, a movimentação financeira real no Comércio seguiu com desempenho positivo no último mês (+2,7% YoY em julho/22), mas a perda de fôlego do setor tem ficado cada vez mais evidente.

Comércio mantém desempenho positivo, mas mostra desaceleração

O setor de Comércio também detém importante participação no mercado de pequenas e médias empresas brasileiras. Segundo informações do Sebrae, dentre os cerca de 6,3 milhões de CNPJs ativos de microempresas e empresas de pequeno porte, 38% estão concentradas no Comércio. Assim como observado no setor de Serviços, o IODE-PMEs sinaliza certa perda de fôlego do desempenho da atividade das PMEs do Comércio nos últimos meses, em relação ao desempenho observado desde o último trimestre de 2021.

“Os dados corroboram o atual momento da economia brasileira. Apesar do otimismo trazido pelo maior controle da crise sanitária de covid-19, as condições para o consumo neste ano são bem mais adversas, com destaque para a intensa subida de juros promovida pelo Banco Central nos últimos meses. A alta dos juros tem efeito direto na economia real, ao prejudicar a tomada de crédito e dificultar a evolução do consumo da população. É importante ressaltar que as medidas tomadas pelo Banco Central visam, justamente, conter outro ‘vilão’ do ambiente de negócios: a inflação elevada. A forte subida dos preços na economia, sobretudo de itens básicos (como alimentos), também prejudica a evolução do Comércio, ao corroer o poder de compra das famílias”, analisa o especialista da Omie.

Figura 2: Evolução do IODE-Comércio
(Variação anual, YoY %)

evolucao comercio
Fonte: IODE-PMEs (Omie)

Apesar deste ambiente, as expectativas de curto prazo ainda sinalizam sustentação da atividade das PMEs no Comércio. Além da menor pressão inflacionária observada recentemente (especialmente pela queda dos preços de combustíveis), as novas medidas fiscais do governo para dar sustentação ao consumo, em meio às dificuldades observadas no ambiente econômico global, devem permitir a sustentação da atividade das PMEs no Comércio nos próximos meses. “Ainda que tais medidas tenham efeitos controversos nas finanças públicas, os resultados de curto prazo sobre a movimentação financeira das PMEs tendem a ser positivos, uma vez que abrem espaço para consumo além do essencial no orçamento das famílias”, conclui Beraldi.

Compartilhe este post
Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Banner lateral teste grátis
Conteúdos relacionados
Segunda edição da Sondagem Omie das Pequenas Empresas destaca otimismo, com expectativa de evolução positiva do faturamento e das contratações