Muitas vezes, uma ideia de produto ou serviço é complexa demais para executar e lançar no mercado em pouco tempo, de forma completa. Para resolver esse problema, é possível aplicar o conceito de Mínimo Produto Viável (MVP).
O termo é muito utilizado por startups, mas, por sua fácil aplicação em outros cenários de mercado, logo passou a ser empregado por empresas de diversos ramos e segmentos. Embora o conceito venha ganhando notoriedade, nem todos sabem como criar um MVP e colocá-lo em prática.
Para ajudar você a entender melhor como empregar esse recurso na sua empresa, preparamos um conteúdo completo, trazendo os principais pontos para auxiliar no lançamento de novos produtos e serviços de forma otimizada e mais objetiva.
Qual é a finalidade do Mínimo Produto Viável?
Antes de falar do passo a passo para implementar o Mínimo Produto Viável, ou MVP, sigla do termo em inglês Minimum Viable Product, vamos relembrar o que é MVP, técnica que consiste em lançar um produto apenas com as funcionalidades mais básicas, para um pequeno grupo de clientes.
A partir do feedback dado pelos consumidores, a empresa passa a trabalhar em versões mais elaboradas e completas do produto. Esse processo é realizado para testar uma ideia antes que sejam investidos muito tempo e recursos.
Afinal, nem todo produto idealizado será aceito pelo mercado — por diversos motivos. Então, para evitar grandes riscos, investimento de dinheiro e dedicação de profissionais a um projeto que pode trazer prejuízos, é melhor validar a ideia com um protótipo.
Nesse sentido, a ideia do MVP é poupar tempo do empreendedor e garantir que os produtos lançados no mercado tenham aceitação por parte do público, após a validação por um pequeno grupo de clientes.
Assim, recursos podem ser poupados, direcionando o investimento para o que realmente trará resultados, tanto no desenvolvimento do item quanto no caixa da empresa ao longo do tempo.
O conceito de MVP pode ser aplicado também a serviços, para testar a aceitação do público e entender o comportamento do consumidor com relação ao que sua empresa oferece. Desse modo, você garante mais relevância no mercado, pois atende as necessidades dos clientes com mais eficiência.
Portanto, se você deseja abrir uma confeitaria especializada em bolos para pessoas intolerantes ao glúten e lactose, por exemplo, com o MVP você não vai investir em um espaço físico, fazer a reforma do local, comprar móveis e preparar uma loja logo de cara.
Primeiro você elabora suas receitas, oferece a algumas pessoas e entende se existe mercado para essa demanda que deseja explorar. A partir do retorno dado pelos clientes, você ajusta o que precisar nos bolos, embalagens e entrega para, então, investir na criação da sua loja.
Com isso, você utiliza seus recursos de forma mais eficiente, pois conhece melhor a necessidade do seu público-alvo e passa a atendê-los com os produtos e serviços que eles buscam e precisam. Além disso, ganha tempo, porque desenvolve a solução que seus clientes esperam com mais rapidez e pode corrigir o que não for relevante em pouco tempo.
Quais os tipos de MVP?
Embora o conceito de Mínimo Produto Viável seja um só, como já comentamos, existem diversos tipos de MVP adequados para cada momento e necessidade das empresas. Agora, vamos conhecer seus principais formatos.
MVP Protótipo
É muito utilizado em softwares e produtos complexos, apresentando uma amostra bem definida da solução para um grupo de clientes. Após um período de utilização, eles darão um retorno sobre o seu produto, apontando o que precisa ser melhorado ou adicionado.
Esse é um formato mais caro, pois o protótipo se parece muito com a versão final do produto, demandando mais investimento por parte da empresa. Assim, se você deseja lançar um software para gestão de tarefas, por exemplo, precisará criar uma plataforma que ofereça as principais funcionalidades.
Os clientes usarão sua solução por um tempo, mas para que tenham uma boa experiência e possam avaliar o sistema, será necessário que o software já esteja bem desenvolvido, com a tecnologia de back-end e toda a interface desenhada. Isso exige tempo e recursos, mas o MVP vai poupar você de lançar algo que não atenda às demandas do público.
MVP Duplo
Nesse caso, o produto tem duas versões, para a realização de testes A/B. Assim, ambos são lançados simultaneamente, mas o consumidor tem acesso apenas a uma versão do item. A avaliação é feita por qual versão teve melhor aceitação pelo público.
Também se trata de um formato que demanda grandes investimentos, pois é preciso criar dois produtos com variações.
É o caso de uma mercadoria lançada com fórmulas diferentes, como um cosmético em que um modelo tem determinados itens ou fragrâncias, enquanto outra versão conta com compostos e aromas diferentes.
Após lançar para os clientes, é preciso monitorar a qual versão cada um teve contato e qual foi a percepção sobre aquele produto. A partir disso, o formato com melhor desempenho será melhorado e apresentado para todo o mercado.
MVP Mágico de Oz
O nome é incomum, mas diz respeito a um produto em que há pessoas atuando nos bastidores. Geralmente, é utilizado em casos em que o artigo envolve automação, então, no MVP, os primeiros testes são realizados de forma manual.
Nesse caso, um software que realiza cálculos tributários para os clientes, por exemplo, no período do MVP, terá colaboradores realizando as contas. Se a ideia geral do produto for aceita, a tecnologia para automatizar os cálculos será empregada.
MVP Fumaça
Assim como a fumaça chama a atenção para algum lugar (onde há fogo), o MVP Fumaça trabalha com canais de distribuição para anunciar o produto e medir o interesse do público naquela solução.
Nesse caso, nem sempre já se tem uma versão do item ao iniciar esse MVP, mas, com os feedbacks e impressões obtidos dos clientes, é possível finalizar o desenvolvimento do produto.
Imagine que você tenha uma empresa de turismo e uma nova forma de oferecer os pacotes de viagens será apresentada para o mercado. Antes de finalizar o desenvolvimento do projeto, você elabora uma campanha e conta para o mercado o novo conceito. A partir das respostas, será possível ajustar alguns pontos antes do lançamento oficial.
MVP Concierge
Aqui, o produto testado é altamente personalizado e também envolve a automatização de processos. Com ele, reforça-se a ideia de um atendimento exclusivo, que no futuro contará com automação.
Assim, se você deseja abrir um clube de assinatura de roupas, por exemplo, em que os clientes recebem peças com certa frequência, com o MVP Concierge você montaria um número bem pequeno de caixas e apresentaria para potenciais clientes.
Desse modo, você entenderia se há aderência com o público, se a solução atende a alguma necessidade e se o valor está de acordo com o esperado. Com essas respostas, poderá desenvolver melhorias e depois lançar o produto no mercado.
5 passos para criar um Mínimo Produto Viável na prática
Agora que você já conhece os vários tipos de MVP, pode escolher o que melhor se encaixa na realidade da sua empresa. Acompanhe os passos necessários para criar um Mínimo Produto Viável na prática.
- Elabore uma proposta de valor
Nenhum produto ou serviço deve ser criado sem a elaboração de uma proposta de valor, em que é elencado o objetivo que o item pretende alcançar e qual a entrega principal para o usuário. Isso porque esse documento é o que orienta o desenvolvimento do produto.
Nesse momento, o foco precisa estar nas funções essenciais do produto, deixando maiores detalhes para a versão final.
Retomando o exemplo da confeitaria sem glúten e sem lactose, a proposta de valor seria testar uma receita de bolo e ver o retorno que os clientes darão, sem pensar, por enquanto, no espaço físico, na embalagem utilizada ou em demais diferenciais dos concorrentes.
- Faça benchmarking para aprender com o mercado
Pesquise o que o mercado já fez no desenvolvimento de soluções similares ao que você pretende lançar realizando benchmarking. Assim, é possível poupar muito tempo e recursos na elaboração dos produtos. Olhar referências de outras empresas pode ajudar a pular etapas, mostrando seus erros e acertos.
Digamos que você deseja lançar uma linha de sabonetes para bebês, que têm necessidades diferentes para suas peles. Antes de desenvolver o produto, é importante analisar o que já foi feito no mercado e adaptar sua estratégia.
- Faça testes no seu MVP
O próximo passo é aplicar seu Mínimo Produto Viável para um grupo de clientes e entender se há aderência para seu artigo, se ele atende às necessidades do mercado e anotar as falhas identificadas, para corrigir antes do lançamento oficial.
Nesse ponto, é importante ter parâmetros para avaliar os resultados do teste do MVP, como indicadores de desempenho, questionários etc.
- Analise os feedbacks
Esse é o momento de reunir os retornos dados pelos clientes, interpretar o que foi apontado e listar o que deve ser ajustado e melhorado no seu produto para uma nova versão — e novos testes.
Se o feedback for positivo, ótimo! Adapte o que for preciso e foque no lançamento do produto. Mas se o retorno for negativo, não desista! Analise todo o contexto, veja o que precisa ser alterado e mostre para novos clientes, sempre melhorando a proposta de valor.
- Aprimore seu Mínimo Produto Viável
Com dados de mercado e respostas dos clientes, é possível trabalhar em uma nova versão do seu MVP, melhorando seu produto e tornando-o mais aderente às necessidades dos clientes e à realidade do mercado.
Entenda que pode ser preciso uma nova rodada de testes para validar as alterações no produto, o importante é sempre manter o foco na proposta de valor, entendendo a chance de retorno sobre o investimento realizado.
Esteja preparado para o mercado
O Mínimo Produto Viável é um recurso muito importante para que a empresa desenvolva produtos e serviços que atendam aos desejos do mercado, sem correr grandes riscos ou investir grandes somas de dinheiro, perdendo recursos.
Para aplicar o MVP com qualidade, é essencial seguir um passo a passo, que oriente as ações a serem realizadas. Por fim, não se esqueça de desenvolver uma proposta de valor eficiente, que será a base do seu MVP.